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Nódulos da Glândula Adrenal – Tudo o que você precisa saber

Postado em: 25/05/2016 | Por: Murilo Luz Adm
Categoria: Blog

Os nódulos das glândulas adrenais, também chamadas suprarrenais, são diagnosticados através de
exames de imagem como ultrassonografias, tomografias computadorizadas ou mesmo ressonâncias
magnéticas do abdome superior. Este diagnóstico é geralmente incidental, pois na maior parte das vezes o
exame que evidencia o nódulo é realizado para fins de check up ou mesmo para avaliação de outras
doenças não relacionadas especificamente às adrenais.
Até 7% dos exames de imagem realizados em adultos podem evidenciar nódulos nas adrenais,
especialmente quando estes têm mais de 1cm de tamanho. Diante de uma alteração, aumento ou nódulo
recomenda-se uma consulta com médico especialista e, eventualmente, a realização outros exames para
decidir sobre a necessidade, ou não, de algum tipo de tratamento específico.
Aqui vão as perguntas mais frequentes a respeito das doenças que acometem as glândulas
adrenais.
1) O que são e onde estão as glândulas adrenais?
São órgãos responsáveis pela produção de uma série de substâncias importantes para a
manutenção do corpo humano e secretam um conhecido hormônio (dentre vários outros) chamado Cortisol,
envolvido na regulação da pressão arterial, metabolismo da gordura e manutenção dos níveis de glicemia
no sangue.
Elas estão localizadas logo acima de ambos os rins, motivo pelo qual são também chamadas de
glândulas suprarrenais (sinônimos). Têm formato triangular (ou em “V”) e medem aproximadamente 5cm de
diâmetro. São considerados órgãos complexos principalmente porque se dividem em duas partes principais:
a região medular (mais interna) e a região cortical (mais externa), sendo cada uma delas responsável pela
secreção de substâncias diferentes.
2) Tenho um nódulo adrenal em exame realizado recentemente. Qual o próximo passo?
Os nódulos adrenais podem ser benignos ou malignos e responder a esta questão é o principal
objetivo do médico responsável pelo acompanhamento. Uma vez constatado um nódulo adrenal, inicia-se
um processo de investigação com outros exames, necessários para a elucidação e definição do diagnóstico
de forma adequada.
3) Não tenho nenhum sintoma. Isso é normal?
Sim, isso é normal. Grande parte dos nódulos encontrados ao acaso nas glândulas adrenais não
produzem hormônios. Consequentemente não causam nenhum sintoma e os pacientes não sentem dor ou
qualquer outro desconforto. Quando as lesões secretam alguma substância em excesso, podem surgir
sintomas como hipertensão arterial ou mesmo oscilações na pressão arterial (geralmente de difícil
tratamento), ganho de peso, aumento da quantidade de pêlos, estrias no abdome, entre outros.
4) Quais características do nódulo nos exames de imagem devem ser levadas em consideração
para diferenciar lesões malignas das benignas?
TAMANHO
Lesões benignas são geralmente de menor tamanho, sendo que lesões maiores de 4cm devem ser
consideradas suspeitas. A medida da lesão é importante também no que se refere ao prognóstico, uma vez
que os carcinomas adrenais (tumores malignos raros das glândulas adrenais) maiores apresentam também
prognóstico pior se comparados aos de menor tamanho.
CRESCIMENTO
Habitualmente lesões menores e com características benignas são apenas acompanhadas e, neste
cenário, é importante prosseguir com exames seriados para avaliação do crescimento do nódulo. Tumores
estáveis ao longo dos anos ou mesmo com crescimento muito lento tendem a ser benignos enquanto que o
crescimento rápido e progressivo sugere malignidade.
CARACTERÍSTICAS RADIOLÓGICAS
Os avanços tecnológicos na obtenção das imagens das glândulas adrenais podem predizer com
relativa segurança se uma lesão adrenal é benigna ou maligna. A tomografia computadorizada pode
analisar fatores como densidade, regularidade e alterações na imagem após a injeção de contrastes
endovenosos. A ressonância magnética é o melhor exame de imagem para avaliação da glândula adrenal e
pode através de diferentes técnicas determinar se a lesão tem ou não características de malignidade. Outro
exame que frequentemente pode evidenciar lesões adrenais é o PET-CT (tomografia computadorizada por
emissão de pósitrons).
PRODUÇÃO HORMONAL
Através de exames laboratoriais para dosagens dos hormônios no sangue ou mesmo na urina dos
pacientes com lesões adrenais, é possível excluir ou confirmar alguns diagnósticos. Um exemplo clássico é
a dosagem de substâncias no sangue e na urina (as conhecidas “metanefrinas urinárias”) para afastar ou
mesmo corroborar o diagnóstico de um tipo de tumor benigno chamado “Feocromocitoma”, secretor de
adrenalina e causador de hipertensão arterial de difícil controle.
O objetivo dos exames de laboratório e imagem é justamente diferenciar lesões benignas, que
podem ser apenas acompanhadas, das lesões malignas que, evidentemente, necessitam de algum tipo de
tratamento. Exemplos de lesões benignas são os adenomas, hematomas, miolipomas, cistos e os
feocromocitomas. Lesões malignas são na sua maioria originárias de doenças em outros órgãos
(conhecidas como metástases). Um exemplo de doença maligna originária diretamente da glândula é o
Carcinoma Adrenal.
5) É necessário fazer uma biópsia do nódulo?
Na maior parte das vezes não. A biópsia através da retirada de fragmentos do nódulo é o único
método capaz de diagnosticar com maior acurácia a natureza da lesão (se benigna ou maligna) antes de
uma eventual cirurgia. Contudo, devido ao avanço nas técnicas de exames de imagem juntamente com as
informações dos exames de sangue e urina, raramente este procedimento é necessário, sendo atualmente
realizado somente em casos específicos.
6) O tratamento é sempre cirúrgico?
O tratamento deve ser direcionado de acordo com o diagnóstico após os exames de investigação.
Tumores pequenos, por exemplo, sem alterações hormonais ou sinais sugestivos de malignidade podem
ser apenas acompanhados. Aqueles com características benignas mas que secretam hormônios e que
alteram o estado de saúde dos pacientes podem ser acompanhados porém existe a necessidade, muitas
vezes, de iniciar medicações para controlar, ou ao menos amenizar, os sintomas.
A cirurgia é indicada em qualquer lesão em que os sintomas não podem ser controlados com
medicamentos e naqueles nódulos com características suspeitas para malignidade. A cirurgia-padrão nestes
casos é a retirada completa da glândula adrenal comprometida, podendo ser realizada pela técnica clássica
aberta, laparoscópica ou pela técnica mais avançada atualmente, a cirurgia robótica.
A cirurgia robótica vem progressivamente ganhando espaço no tratamento da glândula adrenal e
hoje é amplamente realizada nos centros que dispõem desta tecnologia, principalmente por proporcionar
acesso minimamente invasivo ao local onde se encontra este órgão, segurança ao paciente com melhores
índices de recuperação pós-operatória (menor tempo de internação, retorno mais precoce ao trabalho) e
ergonomia ideal ao cirurgião durante o procedimento.

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